terça-feira, 26 de maio de 2009

O Deus do Dia



Orixás são entidades cultuadas no candomblé, que foi trazido ao Brasil no período colonial pelos africanos de origem iorubá (onde hoje é a Nigéria e o Benin). Quando o deus Olodumaré decidiu criar o mundo, cada orixá ficou responsável por alguns aspectos da natureza e da vida em sociedade. Cada humano surgiu de um desses deuses e herda dele algumas características. Essas mesmas entidades são reverenciadas, de forma diferente, na umbanda. Não há como quantificar o número de orixás. No Brasil, o candomblé cultua uma parcela tímida dos mais de 200 existentes na África Ocidental. Ao lado, conheça os mais populares e os dias da semana em que são celebrados.

Exu

É o mensageiro entre os homens e os orixás e transportador das oferendas. Controla as forças que agem sobre a nossa realidade. Exu também é homenageado às sextas-feiras.
Ogum
Forte e corajoso, é conhecido como orixá da guerra e do fogo. Criou o ferro, a tecnologia e a metalurgia. Por isso, é padroeiro de todos os que manejam ferramentas. Seu símbolo é a espada.
Xangô
Senhor dos raios e dos trovões. Durante sua vida na Terra foi rei de Oyó, uma das principais cidades de língua iorubá. Por esse motivo, quando seus filhos o incorporam usam uma coroa.
Oxóssi
Orixá da mata e caçador, garante o alimento de todos os outros deuses. É considerado o guardião da agricultura e da natureza. É umas das divindades mais populares do candomblé.
Oxalá
Separou o mundo material do espiritual. Muito respeitado, tanto pelos devotos humanos quanto pelos demais orixás, ajudou Olodumaré a criar o homem e o princípio da vida.
Oxum
É a senhora das águas doces, dos lagos e das cachoeiras. É tida como bela, vaidosa, rica e sensual. É a orixá que regula o amor e o poder de gestação das mulheres.
Obaluaiê
É o orixá das epidemias e também da cura. Traz em seu corpo as marcas das doenças que carrega, por isso precisa se esconder atrás de um chapéu de palha em forma de manto.
Oxumarê
Tem a forma de arco-íris e liga o céu e a terra. Controla a chuva, a fertilidade do solo e a prosperidade propiciada pelas colheitas. É masculino e feminino ao mesmo tempo.
Iansã
Dirige ventos, raios, tempestades e a sensualidade feminina. Representada sempre como uma guerreira, é senhora dos espíritos dos mortos, que encaminha para o outro mundo.
Ossaim
Deus das folhas e das ervas medicamentosas. Seus sacerdotes conhecem as palavras que ativam o poder de cura das plantas. Segunda e sábado também são dias desse orixá.
Iemanjá
Reconhecida como mãe de todos os outros orixás, é a deusa das águas. Rege o equilíbrio emocional e a loucura. Destaca-se pela feminilidade, generosidade e maternidade.

De Verger a Fatumbi

Verger nasceu Pierre Edouard Leopold Verger em 04/11/1902, Paris – França. Tornou-se repórter jornalista até perder a família aos 30 anos de idade. Com uma máquina Rolleiflex, e sa cores preto e branco, lançou-se a fotografar os continentes e documentar suas civilizações.A rota escolhida, por acaso ou não, foi:Taiti (1933);Estados Unidos, Japão e China (1934 e 1937);Itália, Espanha, Sudão, Mali, Níger, Alto Volta, (atual Burkina Faso), Togo e Daomé (atual Benim -1935);Índia (1936);México (1937, 1939, e 1957;Filipinas e Indochina (atuais Tailândia, Laos, Camboja e Vietnã, 1938);Guatemala e Equador (1939);Senegal (como correspondente, 1940);Argentina (1941);Peru e Bolívia (1942 a 1946) eBrasil (1946).Suas fotografias tiveram destaque e foram publicadas em revistas como a Paris-Soir, a Daily Mirror (com o pseudônimo Mr. Lensman), a Life e a Match.Na sua trajetória de fotógrafo, Verger deslumbrado com a cultura, religião, dedicou-se a maior parte de seu tempo ao estudo das nações iorubanas e suas influências na cultura brasileira. Também não deixou de se interessar pelo comércio de escravos, pelas religiões afro que originaram-se em outras.Chegando ao Brasil, mais precisamente Salvador na Bahia, o fotógrafo encantou-se com o misto de beleza, religião e todo o mistério que cercava aquela gente. Imediatamente foi tomado pelo impulso de investigar tudo que pudesse lhe servir como fonte de investigação para suas novas pesquisas. Virou fotógrafo investigados da diáspora africana nas Américas. E em Ouidah, teve acesso a um importante testemunho sobre o tráfico clandestino de escravos para a Bahia, as cartas comerciais de José Francisco dos Santos, escritas no século XIX.Suas próximas viagens fora percorrer a costa ocidental da África e Paramaribo (1948), Haiti (1949) e Cuba (1957). Depois de estudar a cultura Yorubá e suas influências no Brasil, Verger se tornou um iniciado da religião Candomblé e exerceu seus rituais. Foi consagrado ao cargo de Babalawo e ganhou o nome de Fátúmbí (ele que é renascido pelo Ifá).Verger recebeu o título de Doutor pela Sorbonne em 1966 pela dedicação e contribuição a cultura afro-brasileira com dúzias de documentos de conferências, artigos de diário e livros. E se tornou consultor do Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia, tendo cursado apenas o antigo Liceu.Continuou estudando e documentando sobre o assunto escolhido até a sua morte em Salvador, com a idade de 94 anos. Durante aquele tempo ele se tornou professor na Universidade Federal da Bahia em 1973, onde ele era responsável pelo estabelecimento do Museu Afro-brasileiro em Salvador; e serviu como professor visitante na Universidade de Ifé na Nigéria.Se apaixonou pela “Bahia de todos os santos” e ganhou amigos e seguidores como Jorge Amado, Mãe Menininha do Gantois, Gilberto Gil, Walter Smetak, Mario Cravo, Cid Teixeira, Josaphat Marinho dentre outros notáveis.
Não poderia deixar de mencionar o trabalho desse importante fotógrafo e sua influência para a cultura afro-brasileira no instante em que mais do que fotógrafo, Verger passa a estudioso e assumidade no que diz respeito a esta cultura e a religião que a envolve.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Poesia de autor africano


Autor: Costa Andrade (An)


"Mãe-Terra"


Terra vermelha do Lépi és minha mãe

Mãe-Terra que aos filhos dá
mais do que a vida uma razão

Razão de águia
águia transformada
no soba dos espaços
e das espinheiras cruas.

Terra vermelha do Lépi
calma sombra das mangueiras
sobre o chão vermelho
rocha negra do saber de ferro
a água sabe à voz materna

Águia de pedra
embala onde sentaram
régios Mussindas de vento
em gerações de luar
gritando ao vale profundo
aos muxitos
e ás mulembas velhas
a superfície larga do barro
do corpo negro dos filhos

A terra é sempre a mesma
o resto dirão os homens!

Inluência africana no Brasil

O Monte Kilimanjaro no norte da Tanzânia, junto à fronteira com o Quénia, é o ponto mais alto da África, com uma altitude de 5.895 m. no Pico Uhuru. Este antigo vulcão, com o topo coberto de neves eternas, ergue-se no meio de uma planície de savana, oferecendo um espetáculo único.



Para esses pesquisadores, as diferentes culturas africanas não apenas influenciaram, mas foram parte integrante daquilo que hoje definimos como cultura brasileira. "Os escravos foram 'os pés e as mãos' não só dos senhores, mas do Brasil. Do ponto de vista da cultura, deixaram a marca por toda a parte porque a escravidão existia por toda parte. É difícil encontrar um setor da cultura em que a mão e o pensamento africano não tenham tocado", diz Reis.

Cunha vai mais além. "Tudo, absolutamente tudo que é cultura brasileira durante o escravismo criminoso foi fruto de africanos afrodescendentes. As tecnologias, todas", diz. Como exemplo, ele cita as agriculturas comerciais tropicais, que eram conhecidas dos africanos, e as fundações de ferro, geridas com o conhecimento africano. "Mesmo a fauna e flora brasileira foram modificadas pelos africanos. Temos animais e plantas trazidos por eles. A bagagem africana é muito rica", completa.

"É impossível pensar como influência, mas sim como fundamento da cultura brasileira", explica Zamparoni. "Somos herdeiros das várias culturas africanas", diz. Nesse sentido, ele destaca a importância de estar consciente disso. "O Brasil não vai se conhecer enquanto não estudar as culturas africanas e não as tratar com respeito."










Imagens









Indicação de leitura:

O livro “África na Sala de Aula: Visita à História Contemporânea” reúne aulas de histórias da África, ministradas entre 1998 e 2003, pela historiadora Leila Leite Hernandez, na PUC – SP. Durante esse período, a autora foi amadurecendo sua visão deste continente tão pouco conhecido e cuja história é complexa e envolve uma enorme diversidade de culturas e modos de ser.
Como observa o escritor angolano Mia Couto, que prefaciou a obra, o livro consegue ser fiel ao que ele chama de a tripla condição restritiva do continente africano: prisioneiro de um passado inventado por outros, amarrado a um presente imposto pelo exterior e, ainda, refém de metas que lhe foram construídas por instituições internacionais que comandam a economia.

“África na sala de Aula: Visita à História Contemporânea” é, na verdade, a primeira pesquisa historiográfica e iconográfica realizada no Brasil que leva em consideração a história do continente africano como um todo. A obra é uma empreitada de fôlego, fruto de uma pesquisa de quase uma década sobre o assunto. A leitura do texto vai alargando e aprofundando nossa compreensão sobre a freqüente movimentação de caráter sócio-político do continente africano. Justamente por isso, este livro traz uma grande quantidade de informações, cuja assimilação é facilitada pela presença de inúmeros mapas com legendas esclarecedoras. Este livro é uma obra de leitura obrigatória para que se compreenda boa parte dos problemas da África contemporânea, e uma excelente obra de consulta para professores da área de História, Geografia e Português do ensino fundamental e médio.

A África na Sala de aula: Visita à História Contemporânea
Leila leite Ernandez
Selo negro Edições (Summos Editorial)
679 pags.


Informações no Site Uol Educação.

segunda-feira, 30 de março de 2009